BRICS anuncia possibilidade de emissão de nova moeda comum
Brasil, China, Rússia, Índia e África do Sul, países que formam o BRICS, anunciaram recentemente a possibilidade de emissão de uma nova moeda comum entre as nações. O objetivo é diminuir a dependência econômica do dólar americano e aumentar a eficiência de pagamentos.
O BRICS argumenta que a dependência do dólar acaba diminuindo o controle sobre as operações, por causa das políticas americanas, o que prejudica as relações comerciais entre os países envolvidos. A proposta de emissão de moeda própria surgiu na metade do ano passado e desde então, o tema tem sido bem recebido pelas nações integrantes do bloco.
A ideia é usar CBDC, uma espécie de moeda digital, entre os participantes do BRICS, pois pode reduzir custos, além de aumentar a eficiência de pagamentos. Além disso, economias relevantes, como a da Arábia Saudita, Egito e Bangladesh, já têm participação no Novo Banco de Desenvolvimento que financia o BRICS.
O bloco de países vem ganhando cada vez mais espaço na economia global. Hoje, por exemplo, o BRICS corresponde a 31,5% do Produto Interno Bruto (PIB) global, ultrapassando as economias do G7, que somam 30,7%.
Esse crescimento exponencial tem como base o avanço da economia chinesa, que superou o PIB dos Estados Unidos. Portanto, a expectativa é de que o bloco se fortaleça ainda mais com o passar dos anos, até porque outros países já demonstram interesse em fazer parte do BRICS. É o caso, por exemplo, da Argélia, Irã, Argentina e Turquia.
Outras ações parecidas já têm feito parte da realidade de alguns desses países. A China e a Rússia, por exemplo, optaram por usar o yuan chinês como moeda de liquidação entre os países. O Brasil também fechou acordo comercial com a China para que o pagamento entre as nações ocorra em yuan ou real, isto é, sem a necessidade de parear preços de mercadorias ao dólar.
Diminuir a dependência econômica do dólar é mais urgente do que possa parecer. Isso porque, na prática, a moeda americana é usada como uma espécie de “poder suave” dos Estados Unidos, como um instrumento para influenciar a política internacional de outros países.
Atualmente, o dólar é a moeda de reserva mais utilizada no mundo. Além disso, as transações financeiras em dólares superam em muito as realizadas em outras moedas.
Há tempos que muitos países vêm questionando essa concentração de poder e tentando encontrar alternativas. O BRICS, com essa iniciativa, passa a ser um forte concorrente nessa disputa.
Mas, ao mesmo tempo em que o novo projeto pode fortalecer o bloco de países em termos de economia, também é importante lembrar outros aspectos da relação entre as nações envolvidas. Nem sempre a colaboração é tranquila.
Por exemplo, é válido lembrar que as relações entre Brasil e China não são as melhores. O país asiático é o maior parceiro comercial do Brasil, mas a intensa disputa por influência na América Latina tem gerado desavenças entre os dois países.
Além disso, a eventual moeda comum ainda está em fase de planejamento e é difícil prever como vai funcionar sem que nós saibamos as regras e a estrutura que ela pretende adotar.
De qualquer forma, a iniciativa do BRICS é relevante nesse momento de mudanças na economia global. O mundo está passando por um período de transformação, com o surgimento de novos padrões monetários, maior digitalização e adoção de novas tecnologias financeiras.
O Brasil no processo
Assim como o BRICS, o Brasil tem desenvolvido iniciativas no campo das criptomoedas e das moedas digitais. Uma delas é a proposta de criação do Real Digital, uma versão mais moderna da nossa moeda.
O Real Digital tem a proposta de aproveitar as inovações tecnológicas que estão surgindo no campo da moeda digital e oferecer mais eficiência e segurança nas transações financeiras no país.
O projeto ainda está em fase de estudos e discussões, mas o Banco Central já formou um grupo que está trabalhando na implantação do Real Digital. A previsão inicial é de que seja lançado em 2022.
Em suma, o Brasil tem buscado acompanhar as mudanças e novidades surgidas na economia global, mas é importante que as iniciativas sejam bem planejadas e discutidas antes de serem implantadas.
Nesse momento, a criação de uma moeda comum entre os países do BRICS é uma iniciativa importante, que pode mudar o cenário de dependência econômica do dólar e fortalecer o bloco de países num momento em que várias outras potências emergentes disputam espaço no novo cenário econômico global.
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