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“Profissionais de aplicativo: média salarial e dados da pesquisa”

Entregadores e motoristas de aplicativo sofrem com precarização e falta de regulamentação

Os entregadores e motoristas de aplicativo se tornaram profissionais essenciais na vida de pessoas e empresas brasileiras. No entanto, esses trabalhadores ainda sofrem com a precarização e a falta de regulamentação da profissão, assunto que começou a ser mais discutido recentemente.

Esse tipo de serviço é fonte de renda para 1.274.281 motoristas e 385.742 entregadores, totalizando 1,660 milhão de pessoas no Brasil.

Uma pesquisa inédita da Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec) e do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) revelou qual é a remuneração líquida média desses profissionais. O levantamento conta com dados das empresas 99, iFood, Uber e Zé Delivery.

A renda líquida média dos trabalhadores por aplicativo para uma jornada estimada de 40 horas semanais, fora os gastos com manutenção dos veículos, é de: Motoristas: entre R$ 2.925 e R$ 4.756; Entregadores: entre R$ 1.980 e R$ 3.039.

A variação está relacionada ao período em que o parceiro fica sem realizar corridas ou entregas, chamado de tempo de ociosidade. Entre agosto e novembro de 2022, época de realização da pesquisa, o salário mínimo era de R$ 1.212.

A respeito da carga horária, a pesquisa mostrou que a jornada média dos motoristas varia entre 22 e 31 horas semanais. Já a dos entregadores vai de 13 e 17 horas por semana.

Cerca de 48% dos entregadores e 37% dos motoristas realizam outros trabalhos além das atividades via aplicativo.

“Em um momento em que governo, trabalhadores e empresas se preparam para discutir maneiras de regular o trabalho em plataformas, percebemos que há na sociedade um desconhecimento muito grande sobre esse tipo de atividade e esperamos contribuir para o debate com informações precisas e abrangentes”, detalha André Porto, diretor-executivo da Amobitec.

Os dados da pesquisa mostraram que a média de idade dos motoristas é de 39 anos e 95% são do sexo masculino. Além disso, 62% dos motoristas se declaram negros ou pardos. Sessenta por cento têm ao menos o ensino médio completo e 19% têm diploma universitário.

Quanto ao histórico profissional, a maioria dos motoristas (43%) estava desempregada e 57% tinham uma atividade econômica prévia, dos quais 31% a mantiveram junto com os aplicativos e 26% a abandonaram.

Já os entregadores têm em média 33 anos e 97% são homens. Desse grupo, 68% se consideram negros ou pardos. A maioria (59%) tem o ensino médio completo e 9% possuem curso superior.

Entre os entregadores, 67% realizavam alguma atividade econômica antes do aplicativo, sendo que 27% já trabalhavam com entregas.

Os números apresentados pela pesquisa revelam a realidade dos trabalhadores de aplicativos no país. Apesar da importância desses profissionais para a economia brasileira, muitos enfrentam dificuldades em relação à falta de regulamentação da atividade.

Por isso, é importante que o debate sobre a regulamentação dos trabalhadores de aplicativos seja ampliado e que medidas sejam tomadas para garantir o direito a uma remuneração digna e condições de trabalho adequadas para esses profissionais tão importantes para o país.

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