AS AMENDOEIRAS, TROLOLÓ E MANJUBINHA
Palavras-chaves: amendoeiras, artigo de Carlos Pereira Neto Siuffo, opinião
Por Carlos Pereira Neto Siuffo*.
Zé Troroló é um amigo de Manjubinha, ambos são pessoas simples, que não comandam nada, não determinam nada, mas sacam e sabem das coisas; inclusive das suas capacidades de influenciarem os acontecimentos: NADA.
Pois bem, os dois são favoráveis às amendoeiras, amigas de longo curso, sendo os dois pescadores muitas sombras já pegaram embaixo delas.
Trololó então puxou a conversa:
– Manjubinha, é tanto, portanto, entretanto, assim e assado, muito pelo contrário, alhos e bugalhos, fio e pavio, contra e a favor, é igual e dá no mesmo, nunca vi tanta confusão do nada com coisa nenhuma, coisa de cu com calça, bunda de fora ou calça de veludo. Como pode ser alguém favorável ao corte das amendoeiras?
Manjubinha:
– É coisa de doido. Quem é favorável ao corte acredita em mamadeira de piroca, kit gay, que a Terra é plana, que comunista come criancinha, que o Papa é comunista e que Deus deve ser sinônimo de satanás, misturam tudo. Interessante é que alguns, aparentemente contra os cortes, colocam questões diversas como se fossem antagônicas, tipo: “Quero ver lutar pela preservação da Mata Atlântica, quero ver lutar pela Mata da Esperança”. Ora, podem fazer as duas coisas, uma não tem conflito com a outra, apenas os fatos oportunizaram a indignação e o movimento. Serve também para chamar atenção contra outras aberrações, como o desemprego, a fome, a falta de saneamento, a precarização do sistema de saúde, a morte pela covid-19, o comércio aberto. Mas fato é que preservar as amendoeiras está na hora e faz muito sentido. Bom que depois acordem e façam outras lutas.
Trololó – Ilhéus sempre teve uns idiotas da objetividade contrários às amendoeiras. Tem mais de 40 anos que volta e meia surge um energúmeno com cargo comissionado querendo cortá-las, então sempre foi por motivos egoísticos- quebram as calçadas, sujam as ruas, dá azar em frente das casas, mas não ia muito à frente por não ter apoio da população.
Manjubinha:
– Mais ultimamente surgiram uns sabidórios, com ares de ambientalistas e, visando faturar algum, começaram a falar da inadaptação das árvores para área urbana, que não são nativas, que são de outros biomas e assim deveriam ser substituídas por árvores aborígenes. Será que querem trocar os coqueiros, as mangueiras, as jaqueiras, o jambeiro, o sapotizeiro e até o dendezeiro ( tão marcante na culinária do Recôncavo e na nossa moqueca)?
Trololó:
– Acho que essa turma deve chupar caju ou subir em cima de uma goiabeira e ver Jesus (mais o de Didi Macedo, nome pentecostal do cão). Nunca o Jesus do amor.
Manjubinha:
– É. Cajueiro e goiabeira são locais (chupar caju em cima do pé de goiaba) Vivemos tempos doidos. Quase 80 mil mortes pela Covid-19, 10 milhões de infectados e tudo aberto, 20 milhões de desempregados, 40 milhões de precarizados, o Brasil sendo vendido e Marão aproveitou e resolveu passar a boiada: cortar as amendoeiras e perseguir as maritacas, sabiás, sanhaços, cardeais, canarinhos da terra, pica-pau, joão de barro , gurins, papa-capim e muitos insetos, besouros, abelhinhas. Enquanto isso o mato toma conta da praia e a água da chuva fica empoçada para proliferar Aedes aegypty
Trololó arremata:
– As amendoeiras chegaram aqui com Cabral. Os troncos eram lastros das caravelas. Jogados nas praias, se espalharam, seus antepassados estavam lá e viram tudo começar. Papagaio me contou!
Ah! Palmeira Imperial é Cubana e a Palmeira Real é australiana. Papagaio come milho e periquito leva a fama.
TEMPOS ESQUISITOS!
*Carlos Pereira Neto Siuffo é professor de direito da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC).
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