Marão, Cacá e o passaporte da imunidade

Quarto Poder*

O prefeito Mário Alexandre (PSD) teve versão levíssima da Covid-19. Recuperou-se a tempo de acompanhar os passos rápidos do governador Rui Costa (PT) sobre a ponte Jorge Amado, no primeiro dia de julho.

Se Rui tivesse vindo a Ilhéus no dia do aniversário da cidade, o domingo de 28 de junho, o prefeito ainda estaria em isolamento. O universo descolou essa coincidência para Marão, que saiu na foto.

Cacá (PP) teve versão mais severa da mesma doença. Chegou a ser internado. Recupera-se em casa. A covid, no entanto, impediu o progressista de sair na foto da ponte com Rui.

Convenhamos: sobreviver ao vírus é muito mais importante que qualquer foto. Em muitos casos, a batalha contra o vírus deixa sequelas duras. Como não escondem sua religiosidade, Mário e Cacá certamente agradeceram muito a Deus pela vitória relativamente fácil contra a peste.

Além da vida, o bem maior, agora também podem comemorar a imunidade contra o vírus.

Pesquisas indicam que a dimensão celular da resposta imunológica contra o Sars-Cov-2 pode ser mais determinante do que a indicada pela quantidade de anticorpos no sangue, que tende a diminuir com o tempo. Ou seja: a imunidade de quem contrai o vírus, provavelmente, dura mais do que o período no qual ainda é possível identificar anticorpos por meio dos exames sorológicos comuns. A resposta do organismo ao agente invasor parece se concentrar em outros aspectos do funcionamento do sistema imunológico, conforme explicação do episódio Imunidade invisível, do podcast Luz no fim da quarentena.

Trocando em miúdos, diferente dos adversários políticos que não tiveram contato comprovado com o novo coronavírus, Cacá e Marão têm imunidade contra um inimigo que, nos casos mais graves, pode tirar um político da disputa eleitoral deste ano, por exemplo.

Eles já não correm esse risco. Estão livres para correr para o abraço – só não sabemos se do consolo amigo ou do povo.

*Quarto Poder é a coluna de opinião política do Ilhéus Comércio.