Prefeitura admite que ignorou impacto sobre aves ao cortar amendoeiras
Palavras-chaves: amendoeiras, Anitta, árvores, maritacas, Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA), piriquitos, Prefeitura de Ilhéus, professor Emerson Lucena
No dia 7 de julho homens a serviço da prefeitura derrubaram oito amendoeiras da avenida Soares Lopes. Isso desabrigou maritacas e outras aves que tinham aquelas árvores como suas casas.
Uma forte reação da sociedade e uma ação civil pública do Ministério Público do Estado da Bahia desligaram a motosserra da prefeitura.
O governo alega a existência de licenciamento ambiental para derrubar mais de sessenta árvores, como parte do esforço de adequação do espaço urbano ao novo sistema viário da ponte Jorge Amado.
Apesar da alegada autorização para supressão das árvores, esse documento ainda não é de conhecimento público.
Desabrigados, alguns pássaros já morreram, e muitos outros vão morrer, segundo o biólogo Emerson Lucena, professor da UESC, que concedeu entrevista exclusiva ao Ilhéus Comércio – assista aqui.
O caso ganhou repercussão nacional. O sofrimento dos pássaros sensibilizou a cantora Anitta, que compartilhou a notícia sobre Ilhéus com os seus 47 milhões de seguidores – veja aqui.
Na última quinta-feira (16), em nota publicada no site oficial da prefeitura, o governo informou o início de um “plano de ação com medidas compensatórias ambientais para Av. Soares Lopes”. O anúncio veio ao mundo nove dias depois do “massacre da serra-elétrica”.
A matéria admite em seu título que o previsível impacto sobre a fauna foi ignorado, antes da derrubada das árvores, pois só agora a prefeitura “inicia o plano de ação com medidas compensatórias ambientais”.
Leia a nota da prefeitura na íntegra.
Município de Ilhéus inicia plano de ação com medidas compensatórias ambientais para Av. Soares Lopes
A Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo de Ilhéus vem a público informar que um plano de ação está sendo elaborado para auxiliar na readaptação das aves e maritacas da paisagem urbana na Avenida Soares Lopes, transformada em razão das obras dos acessos viários da nova Ponte Jorge Amado, conforme licenciamento ambiental. O Ministério Público Estadual e uma instituição com expertise em fauna apreciarão o estudo e realizarão o devido acompanhamento.
Logo após o ocorrido com as maritacas, o Município de Ilhéus determinou a imediata suspensão da programação de supressão das demais espécies de árvores exóticas, situadas na Avenida Soares Lopes, acesso norte da nova Ponte Jorge Amado.
Dentre as ações programadas, está sendo elaborado um plano adequado de remoção e realocação das maritacas para a devida reacomodação definitiva em novo habitat.
Outras medidas compensatórias, como o plantio imediato de mudas de espécies da Mata Atlântica, próprias para a zona urbana, com altura mínima de um metro e meio e que não impactam o sistema viário, estão sendo adotadas como contrapartida das árvores que foram removidas, nas mediações do perímetro da licença ambiental.
Em relação ao empreendimento que compreende os novos viários, o município de Ilhéus realizará, ao todo, o plantio de 200 (duzentas) mudas de árvores em conformidade com o procedimento “mudão”, isto é, aquele que contempla o viveiro, transporte, cova adubada, irrigação por 3 meses, gradil de proteção e placa de identificação, conforme o Projeto de Arborização Urbana de Ilhéus da Superintendência de Meio Ambiente (SEPLANDES). A substituição de novas árvores será realizada de forma gradual, após aprovação do plano de ação pelo MPE e instituições.
A Prefeitura de Ilhéus preza pelo respeito ao meio ambiente, à fauna e a flora, em consonância ao princípio da sustentabilidade, para que a administração e a busca pelo interesse público da coletividade para a viabilidade e execução da obra da nova ponte Jorge Amado, os atos do poder público possuam o menor impacto possível. A Prefeitura informa ainda que será apurada a existência de atos que possam ter violado ou inobservado preceitos legais.
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